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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Dê tempo ao tempo – Parte II

Uma das leis morais é a do progresso. Está descrito na natureza. E para que haja o progresso o ser humano precisa estar em constante processo de criação e execução. Porém, embora alguns não queiram conversa com a labuta, outros não conseguem parar de trabalhar ou de estudar. Estão sempre inventando algo para fazer. No universo dos que não conseguem ficar parados existem os extremamente organizados que conseguem obter excelentes resultados ao final do dia e aqueles que fazem, fazem e quando olham para trás o seu meio ambiente está um verdadeiro caos. A pilha de papel cresce a cada dia, a casa, o carro, a vida, enfim, são uma bagunça só. Diversos são os livros e os cursos que ensinam como melhor administrar o tempo e como ser um profissional, um estudante, um pai ou uma mãe organizados, ou tudo isso junto e conseguir dar conta das responsabilidades sem adoecer física e psicologicamente. O que os autores, especialistas em administração do tempo, buscam ensinar são maneiras adequadas de se organizar as tarefas diárias. Os autores entendem que as pessoas melhoram a sua qualidade de vida se souberem administrar bem o seu tempo, principalmente no trabalho. Os atos de criar e executar são saudáveis, portanto, devem ser leves e não sacrificantes. Administrar bem o tempo permite que estejamos em vantagem diante de um universo onde avançar é sinônimo de vencer competições. Para podermos nos considerar profissionais de ponta precisamos agregar algumas vantagens competitivas ao nosso portfólio pessoal. Gerenciar o tempo é uma delas, da mesma forma que gerenciamos outros aspectos de nossas vidas. Se raciocinarmos que o jargão “tempo é dinheiro” tem um fundo de verdade, não estaremos enganados e ainda poderemos acrescentar que tempo é sinônimo de qualidade, produtividade e porque não dizer de inovação. As mudanças em nosso ritmo diário exigem ações focalizadas para assim alcançarmos maior produtividade e resultados vantajosos. O planejamento de nossas tarefas diárias pode ser uma maneira adequada de ajudar a sermos bem sucedidos. A administração do tempo inclui selecionar as tarefas prioritárias e anotá-las em uma planilha ou agenda. Muito mais do que organizar uma agenda, planejar significa exercitar a nossa capacidade intelectual. Certamente, vale incluir as horas destinadas ao lazer e aos exercícios físicos, obrigando-nos a cumpri-los como medidas para aumentarmos a nossa qualidade de vida. Importante lembrar que, não basta criarmos a nossa agenda, é preciso que todas as pessoas com as quais nos relacionamos, quer seja em casa ou no trabalho tenham conhecimento dela. A agenda deve ser revista, periodicamente, realizando adaptações a medida que julgarmos necessárias, até que obtenhamos os resultados desejados. Quem sabe, incluindo mais momentos de renúncia ao relógio.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Dê tempo ao tempo – Parte I

Mal o dia começa e vem a sensação de não dar conta de tudo o que tenho para fazer. Sem contar que no dia anterior trabalhei muito, fiz tantas coisas que ao me deitar o cérebro ainda estava funcionando a todo vapor. Quando consegui dormir já era madrugada. Recordo-me que estava aborrecida porque o sono não vinha e faltavam apenas poucas horas para o dia amanhecer. Certamente, não poderia dormir até mais tarde. Ai de quem se aproximasse de mim, porque as poucas horas de sono gerariam, sem dúvida, um nível considerável de irritação. A intolerância marcaria o meu dia, desde as primeiras tarefas em casa, pois antes de sair para o trabalho precisaria deixar tudo em ordem. Cuidar da higiene pessoal, arrumar o quarto aonde eu durmo, preparar o café da manhã, colocar água e comida para os bichos, chamar os filhos para levantar, tomar o café da manhã, tirar a mesa, lavar a louça, fazer algumas ligações telefônicas, assistir ao telejornal, me arrumar e dirigir até o trabalho. Ufa! Lá se foram mais de duas horas, antes de enfrentar o primeiro expediente no trabalho. Eu não sou a única a ter uma vida atribulada. Assim como eu, milhares de pessoas distribuem, diariamente, seus afazeres entre trabalhar, estudar e cuidar de familiares. Como se tudo isso não bastasse, ainda envolvemo-nos com a prática de atividades físicas, filantrópicas e religiosas. Temos ainda que pensar nas viagens, nos encontros com os amigos, nas festas, nas sessões de cinema e de teatro, nos shows, nos passeios ao ar livre e também nas conversas com os vizinhos. Sem contar que não podemos deixar de lado os fatos jornalísticos e as redes sociais, nem mesmo os e-mails. O avanço da produção industrial, a partir do século XIX parecia ter vindo para facilitar a vida das pessoas. Mas, ao contrário do que se podia pensar houve um aumento substancial no número de tarefas a serem desenvolvidas pelos homens e pelas mulheres. Nem mesmo as crianças escapam do corre-corre diário, quer seja dos pais ou daqueles que são responsáveis pelos seus cuidados. A complexidade da sociedade contemporânea gerou no ser humano necessidades conscientes e inconscientes capazes de fazer com que as 24 horas do dia sejam insuficientes para que possamos dar conta de nossos afazeres. Quando o dia chega ao fim e estamos física e mentalmente esgotados temos muitas vezes a capacidade de nos perguntar se tudo o que fizemos foi produtivo. A cultura do ócio, da preguiça não nos é permitida, pois precisamos ocupar o nosso tempo de tal forma que ele não represente desperdício. Mas, o que é desperdício de tempo? A quem compete avaliar o grau de produtividade sobre as atividades que exercemos? É uma questão religiosa, econômico-financeira ou psicológica? Ou uma coisa leva à outra? Por que precisamos administrar bem o nosso tempo?

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Fomos de algo.

Fomos de ônibus, fomos de metrô
Fomos de dentro, fomos de fora
Fomos de bar em bar
Fomos de barca, fomos de carro.

E aquele português?
Todos o achamos engraçado, não foi?

Fomos de copo, de bebida engraçada
Fomos de carne, fomos de peru
Fomos de lágrimas, fomos de sorriso
Fomos de avião, fomos de barca, fomos de ônibus, fomos de metrô, fomos de trem.
Fomos felizes na Páscoa

(São Paulo 04.04.1983)

Fora do papel. Na cadeira.

Vantagens técnicas e econômicas
Pelas vantagens técnicas e econômicas!
Pela substituição!
Pela melhor utilização!
Sobre o jornal, sobre o futuro
Sobre o jornal, sob a notícia
A notícia diária
Pelas vantagens técnicas, econômicas, viabilidade...
Tenho estado na cadeira
Tenho estado fora do papel
- o meu papel????
Surjo às oito da manhã,
junto com as notícias do rádio, do jornal, da televisão.
- o meu papel????
Tenho estado na sala, no meu espaço quadrático, equilátero etc.
- o meu espaço???? Onde????
Capto o tic-tac do relógio, espero o almoço, engulo, degluto, ando, subo.
Tenho estado na sala, no meu espaço quadrático, equilátero etc.
- o meu espaço???? Onde????
Aguardo pelo fim do fim
Enfim, para que o fim, do sem fim?

(São Paulo 04.04.1983)

Junto com essa gente

Tenho andado sozinha
Em meio a tanta gente
Gente estranha que vem e que vai
Não sei bem de onde
São caminhadores, tentadores
Parecem as ondas do mar
Um dia longe, um dia perto
Sempre a caminhar.

Bem sei, andei junto com essa gente
Adentrei ao mar, sorvi suas ondas
Velejei, através de meus pensamentos
Por lugares distantes e logo voltei
Essa gente estranha que vem e que vai
Não sei bem de onde.

Ah! Esse mar, se não fosse o mar!
O que seria de mim?
Quem absorveria tão bem os meus pensamentos?
Quem me deixaria navegar nas ondas distantes?
Sem sequer me questionar?
Só você, o mar!

Guarde os meus segredos
Os meus dofrimentos
Os meus desencantos
Os meus temores
As minhas dores
Até quando, não sei!