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domingo, 13 de novembro de 2011

A plateia é o palco

Antes de começar o espetáculo foram quarenta minutos de espera. O público adentrando ao teatro era a apoteose por excelência. Cada um que chegava, enquanto se acomodava era foco dos olhares dos que já estavam sentados. Os comentários se faziam ouvir, os burburinhos e risadinhas permitiam ver que além do espetáculo existia por trás a fofoca, o disse me disse. Quem precisa de atores no palco, se a própria vida na plateia se constituía num palco armado.
Tinha também aquele grupo de alegres jovens turistas, um deles não tão jovem, cujas características dos comentários apontavam para um espetáculo à parte. Falavam de tudo, da cortina de veludo do palco, que para um deles causava “nojo” porque era escura e achava que nunca tinha sido lavada. Enquanto outro tecia elogios e fazia alusão ao “bandô” da cortina, que apesar de antigo, tinha um charme incrível.
Rodeados de senhoras, cheirando a todo tipo de perfume e exibindo vestidos com brilho, maquiagem pesada e cabelos escovados, os alegres jovens teciam seus comentários e cantarolavam em espanhol. O evento era de arrasar qualquer coração desavisado.
Vale à pena sair de casa num sábado à noite para desfrutar das “maneirices” que a sociedade urbana oferece. O comportamento humano se traduz das mais diversas formas. Agora, imaginem quando um grupo se arrisca a sentar-se na plateia para ser palco de comentários. Bem vindo ao espetáculo!