sexta-feira, 7 de agosto de 2015
A poesia do tapete
Sento-me nesta velha cadeira,
começo a tecer o fio,
ponto por ponto.
A agulha e a linha fluem sobre os meus dedos.
O que antes estava esquecido ganha forma.
Como a poesia precisa da simetria das palavras,
o tapete precisa da simetria dos pontos.
Daí, a forma e a rima.
São onze pontos de um lado.
São onze pontos do outro lado, para a rima ser perfeita.
Um só descuido e, tudo sai errado.
Aí, não dá para apagar.
É preciso tudo desmanchar, para de novo começar.
Durante o ato de tecer grito: que delícia!
E, a minha imaginação voa longe.
Vagueia, viaja. Esqueço do tempo!
Quando os meus casados pés se assentarem sobre ele
Olharei para cada ponto e direi:
deles depende a poesia do tapete.
Cristina Pavarini
Natal, 7 de agosto de 2015
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