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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Visita matinal ao pé de acerola


Uma das coisas que mais admirava, quando visitava a minha tia Áurea eram os pés de acerola que ela tinha nos fundos do quintal da casa. Foram muitas as vezes que, em criança ou na fase adulta, passei as férias em sua casa. E as visitas aos pés de acerola eram uma constante. O cheiro da terra vermelha, regando as plantas e o verde das folhas misturadas ao vermelho das frutas me enchiam de encantamento.

Há três anos quis copiá-la e plantei um pé de acerola no fundo do quintal de minha casa. E este ano, como que por encanto, o pé cresceu rapidamente e começou a frutificar. A primeira flor me encheu de ânimo, teria finalmente, a produção de frutas. E a surpresa maior veio quando a primeira fruta apontou. Enorme, maravilhosa. Dai pra frente foi só esperar. Todos os dias aquela coisinha bonitinha e gostosinha. Quando acordo, bem cedinho, me levanto e vou até o quintal visitar o pé de acerola e aproveito para enviar meus pensamentos para a minha tia Áurea.

Foto: Marco Tulio de Lima e Carlos

Sob dois pontos de vista: a vida presente e a vida futura.


“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO” – Assim disse Jesus, para poder explicar que a Terra não era a nossa morada eterna. E que as vaidades terrenas não faziam do ser humano um ser melhor.

Temos o exemplo de dois espíritos que habitaram a Terra no século passado: Adolf Hitler e Madre Teresa de Calcutá. Dois pontos de vista completamente diferentes a respeito da vida. A vida para Hitler resumia-se no aqui e agora. Ele dirigiu todos os seus pensamentos, enquanto esteve encarnado, sobre a vida terrestre, incerto do futuro.

Para ele os bens mais preciosos estavam em sua vida presente e apenas na Terra. Hitler não mediu esforços para conquistar o que para ele julgava ser o seu maior ideal enquanto ser humano. Nas análises de Kardec, em o Evangelho Segundo o Espiritismo, o indivíduo que age assim, “é como a criança que não vê nada além dos seus brinquedos, para obtê-los não há nada que não faça”.

Para esse espírito, exterminar as pessoas que, ele julgava, não tinham o direito de habitar o planeta, era como ganhar brinquedos. Por isso, de acordo com relatos históricos, a perda dos brinquedos levou-o a uma tristeza profunda. Assim, a única saída encontrada foi o suicídio.

Hitler exterminava almas e Madre Teresa de Calcutá salvava almas. Para Madre Teresa, a vida terrestre era encarada sob o ponto de vista da vida futura. Mulher de baixa estatura, corpo franzino e ao final da vida, arqueado, tinha o respeito de homens poderosos.

Não foi sempre assim, para levar adiante o que julgava ser o bem mais precioso, o amor ao próximo, ela enfrentou além das dificuldades financeiras, algo muito mais difícil, a cultura indiana que não aceita recolher os moribundos para cuidar deles. Para Madre Teresa, a lição descrita por Kardec, lhe era inata, ou seja, “a Humanidade como as estrelas do firmamento, se perde na imensidão”.

Ela sabia, “que grandes e pequenos estão confundidos como as formigas sobre um torrão de terra; que proletários e potentados são do mesmo talhe, e lamenta esses homens efêmeros que se dão tanta inquietação para conquistar um lugar que os eleve tão pouco e que devem manter por tão pouco tempo”.
Enquanto Hitler achava que ao estar se ocupando mais com as coisas da Terra estava ajudando a humanidade a chegar à perfeição física, Madre Teresa achava que ao se ocupar com as coisas da Terra estava ajudando a humanidade a chegar à perfeição espiritual.

Hitler procurava “instintivamente” seu bem estar, através de suas ações maléficas. Madre Teresa de Calcutá procurava “instintivamente” seu bem estar, através de suas ações benéficas. Por ela ter a certeza de não estar por muito tempo na Terra desejava fazer o melhor. Do seu ponto de vista, Hitler talvez julgasse estar fazendo o melhor. Foi o caminho por ele escolhido para agir enquanto encarnado.

Uma diferença grande no que diz respeito ao ponto de vista de cada um dos nossos dois exemplos. Kardec explica que, “a procura de bem estar força o homem a melhorar todas as coisas, possuído que está do instinto do progresso e da conservação, que está nas leis da Natureza. Ele trabalha, pois, por necessidade, por gosto e por dever, e nisso cumpre os desígnios da Providência que o colocou sobre a Terra para esse fim”.

Ai reside a diferença entre os dois espíritos. Deus não condena os prazeres terrestres, mas o que aconteceu no caso de Hitler? Nada mais do que abuso, em prejuízo das coisas da alma. Se ele tivesse em sua alma presente e viva a frase de Jesus “Meu reino não é deste mundo” não seria o homem pobre que perde tudo o que possui e se desespera.

O ditador alemão desconhecia a vida futura, por isso disseminou ideias anti-semitas por todo o mundo e foi responsável pelo extermínio de milhões de pessoas, que nunca sequer tinha cruzado o seu caminho. Madre Teresa de Calcutá dedicou sua vida ao auxílio dos pobres e famintos, pois, instintivamente, sabia que essa vida não é senão um elo no conjunto harmonioso e grandioso da obra do Criador.

Kardec aponta que para o Espiritismo essa vida, “liga todas as existências do mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos os mundos”. Por outro lado, a doutrina da criação da alma no momento do nascimento de cada corpo, torna todos os seres estranhos uns aos outros”. Do seu ponto de vista, Hitler ou Madre Teresa de Calcutá?