Páginas

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Dê tempo ao tempo – Parte I

Mal o dia começa e vem a sensação de não dar conta de tudo o que tenho para fazer. Sem contar que no dia anterior trabalhei muito, fiz tantas coisas que ao me deitar o cérebro ainda estava funcionando a todo vapor. Quando consegui dormir já era madrugada. Recordo-me que estava aborrecida porque o sono não vinha e faltavam apenas poucas horas para o dia amanhecer. Certamente, não poderia dormir até mais tarde. Ai de quem se aproximasse de mim, porque as poucas horas de sono gerariam, sem dúvida, um nível considerável de irritação. A intolerância marcaria o meu dia, desde as primeiras tarefas em casa, pois antes de sair para o trabalho precisaria deixar tudo em ordem. Cuidar da higiene pessoal, arrumar o quarto aonde eu durmo, preparar o café da manhã, colocar água e comida para os bichos, chamar os filhos para levantar, tomar o café da manhã, tirar a mesa, lavar a louça, fazer algumas ligações telefônicas, assistir ao telejornal, me arrumar e dirigir até o trabalho. Ufa! Lá se foram mais de duas horas, antes de enfrentar o primeiro expediente no trabalho. Eu não sou a única a ter uma vida atribulada. Assim como eu, milhares de pessoas distribuem, diariamente, seus afazeres entre trabalhar, estudar e cuidar de familiares. Como se tudo isso não bastasse, ainda envolvemo-nos com a prática de atividades físicas, filantrópicas e religiosas. Temos ainda que pensar nas viagens, nos encontros com os amigos, nas festas, nas sessões de cinema e de teatro, nos shows, nos passeios ao ar livre e também nas conversas com os vizinhos. Sem contar que não podemos deixar de lado os fatos jornalísticos e as redes sociais, nem mesmo os e-mails. O avanço da produção industrial, a partir do século XIX parecia ter vindo para facilitar a vida das pessoas. Mas, ao contrário do que se podia pensar houve um aumento substancial no número de tarefas a serem desenvolvidas pelos homens e pelas mulheres. Nem mesmo as crianças escapam do corre-corre diário, quer seja dos pais ou daqueles que são responsáveis pelos seus cuidados. A complexidade da sociedade contemporânea gerou no ser humano necessidades conscientes e inconscientes capazes de fazer com que as 24 horas do dia sejam insuficientes para que possamos dar conta de nossos afazeres. Quando o dia chega ao fim e estamos física e mentalmente esgotados temos muitas vezes a capacidade de nos perguntar se tudo o que fizemos foi produtivo. A cultura do ócio, da preguiça não nos é permitida, pois precisamos ocupar o nosso tempo de tal forma que ele não represente desperdício. Mas, o que é desperdício de tempo? A quem compete avaliar o grau de produtividade sobre as atividades que exercemos? É uma questão religiosa, econômico-financeira ou psicológica? Ou uma coisa leva à outra? Por que precisamos administrar bem o nosso tempo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário