Páginas

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

No vazio, apenas, fora do coração.

SE A PORTA DO QUARTO NÃO SE ABRIR. SE A CAMA ESTIVER VAZIA. SE NÃO ME FIZER COMPANHIA PARA O CAFÉ DA MANHÃ, NÃO VOU CHORAR. SE NÃO DISSER, ATÉ MAIS TARDE, TODOS OS DIAS, SE A CAMPAINHA DA PORTA NÃO SOAR NA HORA DO ALMOÇO. SE SOBRE A MESA TIVER UM PRATO A MENOS, NÃO VOU CHORAR. SE NÃO CHEGAR, DEVAGARINHO, SEM AVISAR, QUERENDO ME ASSUSTAR, SE NÃO ESCUTAR MAIS OS RELATOS SOBRE OS SEUS SONHOS. SE NÃO ESCUTAR AS SUAS ESTÓRIAS ENGRAÇADAS, DURANTE AS REFEIÇÕES, NÃO VOU CHORAR. PORQUE SEI QUE VOCÊ ESTARÁ LÁ DO OUTRO LADO DA CIDADE, A ALGUNS METROS APENAS. BASTARÁ QUE EU TELEFONE PARA OUVIR A SUA VOZ. BASTARÁ QUE EU CAMINHE ALGUNS MINUTOS PARA PODER ENCONTRÁ-LO. BASTARÁ QUE EU OLHE A SUA FOTO PARA MATAR A SAUDADE. MAS, E, PRINCIPALMENTE, BASTARÁ QUE EU BUSQUE DENTRO DA MINHA ALMA A IMENSIDÃO DO AMOR QUE SINTO, POIS VOCÊ ESTARÁ LÁ. SÓ QUE NÃO ESTARÁ SOZINHO AGORA EU SEI. HOJE DOIS. AMANHÃ, QUEM SABE, TRÊS OU QUATRO. ASSIM, O ESPAÇO QUE UM DIA PARECEU VAZIO SE PREENCHERÁ NÃO HAVERÁ SUBTRAÇÃO, MAS SOMA E MULTIPLICAÇÃO. E NÃO SE ESQUEÇAM. ESTAREI SEMPRE POR PERTO PARA AJUDAR A CUIDAR DOS SEUS PEIXINHOS!!!!!!!!!! Fotos: Gustavo Rocha

Dê tempo ao tempo – Parte III

A minha aposentadoria chegou cedo. Comecei a trabalhar ainda na adolescência e com 30 anos de contribuição à previdência oficial achei que era o tempo de parar. Não foram mais que seis meses em casa, para que eu sentisse a necessidade de voltar a exercer atividades que não aquelas de cunho doméstico. Como estava cursando mestrado resolvi me entregar mais a um trabalho voluntário, o qual exercia em uma instituição educacional. Essa foi uma decisão acertada, naquela ocasião. Eu era capaz de conciliar muito bem tudo o que precisava fazer durante o dia, incluindo os meus estudos e os cuidados com a família. Para isso bastou um bom planejamento. Em determinado momento a minha vida mudou, radicalmente, quando resolvi mudar-me para Natal. Mais uma vez, entrou em ação o planejamento, pois à medida que o tempo passava aumentava a quantidade de tarefas e as responsabilidades também. Nada que eu não conseguisse realizar a contento. Em dezembro do ano passado, após 12 anos, resolvi parar com as minhas atividades externas e ficar em casa. “Ficar em casa?”. Todos me perguntam: você não está mais trabalhando? E fico indignada, pois acredito que muitas pessoas não se dão conta da complexidade que é dar conta das tarefas domésticas. Pois é, estamos em setembro, são oito meses dedicados quase que, exclusivamente, a tarefas domésticas. E, é claro já estou começando a pensar em voltar a me dedicar à minha profissão. Nesse meio tempo, as minhas atividades voltadas ao trabalho voluntário, nunca deixaram de acontecer. O que gostaria de salientar com esse relato é, justamente, a avaliação que fazemos do nosso tempo (relacionado ao relógio mesmo), no que diz respeito ao desenvolvimento das tarefas diárias. Em toda a minha vida, fui movida por uma dinâmica de trabalho, de estudo, de prática religiosa, de esporte, de cultura e de lazer. Essa rotina permite que eu nunca esteja desligada do mundo. Ao acordarmos todos os dias devemos pensar que tais dias representam jóias raras e de extrema beleza em novas vidas. E, por serem jóias preciosas devem ser lapidados e cuidados com muito carinho. Para tudo o que fazemos devemos dar um sentido especial, para que possamos nos sentir realizados. Cada tarefa tem uma razão de ser, quer seja no âmbito doméstico ou fora dele. Como cidadãos, temos as nossas responsabilidades e como membros de uma família, também. Quando planejamos bem o tempo somos capazes de realizar inúmeras atividades. E, se não for possível a realização de alguma atividade naquele determinado dia ou naquele determinado momento, deixemos para outra hora. Afinal, planejamentos devem ser revistos, sem culpa. Não esqueçamos de planejar algumas horinhas dedicadas ao ócio, afinal, ninguém é de ferro.