Páginas

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Criei uma imagem para punir meus sentimentos


Sonhei que ele estava negro como um carvão. Seu rosto, que eu conseguia ver nitidamente, tinha muitas rugas profundas, por toda extensão. Olhava para ele e só pensava a razão pela qual sua pele tinha envelhecido mais do que a minha e por que sua beleza física tinha desaparecido. Ao mesmo tempo, percebia que o amor que, um dia senti por ele, ainda não tinha morrido.

Tinha algo em suas mãos que me apontava, junto com um pedido de ajuda, que eu negava. E quanto mais eu negava o seu pedido, mais nítida ficava a imagem de seu rosto. Que pedido era esse e, a razão por não atendê-lo não me é clara. Também não sei a razão de ter sonhado com ele, após tantos anos que não nos vemos. O homem com o qual tive o meu primeiro filho surgiu em sonho transformado pelo meu inconsciente de forma tão punitiva.

Qual o significado da transformação, o que representa o seu rosto marcado por inúmeras rugas e em tom escuro e sem vida? O que gravamos em nossas mentes e o que tais mensagens nos trazem, sem que estejamos de forma consciente ligados aos acontecimentos? De fato são incógnitas, que talvez em algum outro momento possamos obter a resposta fora da linguagem metafórica.

A verdade é que mesmo que possamos nos separar fisicamente das pessoas, que imaginemos ter resolvido as nossas diferenças, ou ao menos tentado resolvê-las, os sentimentos gerados não são extraídos por completo. Fica sempre algo guardado que a memória do tempo não consegue apagar. Quando vêem à tona mexem conosco e nos fazem rever certos conceitos que julgávamos enterrados para sempre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário