
Sonhei que ele estava negro como um carvão. Seu rosto, que eu conseguia ver nitidamente, tinha muitas rugas profundas, por toda extensão. Olhava para ele e só pensava a razão pela qual sua pele tinha envelhecido mais do que a minha e por que sua beleza física tinha desaparecido. Ao mesmo tempo, percebia que o amor que, um dia senti por ele, ainda não tinha morrido.
Tinha algo em suas mãos que me apontava, junto com um pedido de ajuda, que eu negava. E quanto mais eu negava o seu pedido, mais nítida ficava a imagem de seu rosto. Que pedido era esse e, a razão por não atendê-lo não me é clara. Também não sei a razão de ter sonhado com ele, após tantos anos que não nos vemos. O homem com o qual tive o meu primeiro filho surgiu em sonho transformado pelo meu inconsciente de forma tão punitiva.
Qual o significado da transformação, o que representa o seu rosto marcado por inúmeras rugas e em tom escuro e sem vida? O que gravamos em nossas mentes e o que tais mensagens nos trazem, sem que estejamos de forma consciente ligados aos acontecimentos? De fato são incógnitas, que talvez em algum outro momento possamos obter a resposta fora da linguagem metafórica.
A verdade é que mesmo que possamos nos separar fisicamente das pessoas, que imaginemos ter resolvido as nossas diferenças, ou ao menos tentado resolvê-las, os sentimentos gerados não são extraídos por completo. Fica sempre algo guardado que a memória do tempo não consegue apagar. Quando vêem à tona mexem conosco e nos fazem rever certos conceitos que julgávamos enterrados para sempre.
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