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domingo, 9 de maio de 2010

Piedade Filial


Na semana passada fui convidada para pronunciar uma palestra na AEEJ Associação Espírita Enviados de Jesus, no domingo à tarde. Por ironia do destino o tema da palestra deveria discorrer sobre Piedade Filial. Quando ministro palestras no Centro Espírita, busco sempre trazer a temática para o âmbito do cotidiano. Nesse dia pensei em algo um pouco mais abusado. Dividi a palestra em três fases: informativa, analítica e reflexiva. Transmiti o que estava descrito no Evangelho Segundo o Espiritismo e depois, abusadamente, desci até a plateia e distribui algumas fotos: de minha festa de primeiro aniversário e as demais com a minha mãe, meu pai e meus irmãos. Ainda mais abusadamente, declamei uma poesia para a minha mãe, que escrevi na madrugada do mesmo dia. Essa é uma homenagem e sem dúvida, para entrar de corpo e alma no tema da palestra. Durante toda explanação me senti envolvida em um clima de muita paz. Assim, minha mãe, descrevo a poesia e aproveito para colocar aquela foto que a Cleusa tirou quando estiveram em casa no ano passado. Beijos.

Cristina


Quanta rebeldia!

Perdoe-me, minha mãe,
Tantos anos de rebeldia.

Ainda em seu ventre, minha mãe,
inquietava-me enquanto espírito,
diante do desconhecido.

Transformei seu corpo esguio.
Quanta rebeldia!
Rasguei suas entranhas para
poder vir ao mundo.
Quanta rebeldia!

Suguei as suas tetas para
poder sobreviver.
Quanta rebeldia!

Mal abri os olhos e lhe tirei
as noites de sono.
Quebrei a magia e o encanto
de estar só com seu amor.
Roubei os olhares, abraços e beijos
do seu príncipe de olhos azuis.
Quanta rebeldia!

Aprimorei as técnicas de provocação.
Mais e mais me distanciava de seus braços.
Mais e mais não a compreendia.
Roubei as suas esperanças, a sua tranquilidade.
Roubei a sua paz.
Quanta rebeldia!

Fiquei adulta, minha rebeldia se acentuou.
Me afastei mais e mais...
Agora, não só de seus abraços,
mas também de seus olhares.

Foi-se embora o seu príncipe
de olhos azuis.

Deixei de ser rebelde.
Aproximei-me de seus abraços.
Sentei-me ao seu lado.
Segurei as suas mãos.
Por fim, a acalmei.

A menina mulher resgatou a mãe.
Não há mais rebeldia.
Só há compaixão. Só há piedade.
Só há compreensão
do reencontro entre mãe e filha.

Perdoe-me minha mãe,
Tantos anos de rebeldia.

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